Violência (Um lamento sobre a degradação humana)

Vejo olhos vermelhos sangue

Pela fresta da porta de madeira

Eles choram por trás da sociedade. Debaixo do papelão.

Lágrimas da mais pura dor.

Morte agora é igual a vida.

Horror não passa de rotina

Olhos de criança ferida. Acuada. Inocente.

Vêem o estupro. Contemplam a maldade.

O terror, e a insanidade.

E sentem o calor. Decadência e sociedade.

A raiva que fica na memória.

É guerra, e não há nenhuma glória.

Civil ou não. Nessa batalha não existe honra.

Por petróleo ou por amor. Não há vitória.

Contra o mundo ou contra um irmão

Vejo olhos pelos cantos, em todos os lados.

Eles lamentam o alcoolismo, o maldito abismo.

Alimentam o ódio. O repúdio

A dor e o nojo.

Eles assistem. Em Macaé ou Casablanca.

O espetáculo do circo macabro da vida

O espetáculo que tanto faz mal

Lá vai o sol em Bilbao ou Hanói.

A noite cai em qualquer lugar no horizonte de Belgrado.

Eu tenho uma arma. Até várias.

Quem não tem? Qual você quer?

Ele tem uma faca, aonde ele vai hoje? Iraque? Paquistão ou USA?

Ela é indefesa, no fim do dia.

No beco escuro de Osasco

Ele estupra. Ele lambe o sangue com prazer.

Carrasco, covarde.

Numa casa em Cleveland

Num barraco em Nova Delhi

Não importa onde

Algum olhar atento assiste

Violência persiste, agente assiste com pipoca no cinema.

Morte e conivência. Coca cola e miséria.

Polícia e conveniência. Heroína, propina! Propina...

Sociedade e decadência. Exclusão. Violência!

Depois os pais cristãos de bíblia na mão perguntam a Deus

Qual o motivo disso tudo? Será que não tem fim essa dor?

De noite todos são levados. Seqüestrados e incendiados. Filhos violentados

Brutalizados. Não há motivo. O ser humano é monstro contra si mesmo

Ele se destrói. Sem licença. Sem paciência.

Sociedade e decadência. Humano = Violência.