ORDEM E EXCLUSÃO

Em grades, muros de concreto

Privados da liberdade

É onde vivem

“Infratores”, “destruidores da ordem”

Em grades, muros de concreto

Numa questionável liberdade

É como vivem

Os “íntegros”, os “seguidores da ordem”

“Seguidores” e “destruidores”

Não conseguem esconder as dores

Que um diz que o outro causou

Mas será que eles são causadores?

Ou são meros agentes sofredores

Que o sistema encarregou?

Os que comandam o sistema

São também “seguidores da ordem”

Mas diferentes dos outros

Muito dinheiro eles têm

Vivem numa questionável liberdade

Mas gastam dinheiro à vontade

Ao contrário dos outros “seguidores”

Moram bem longe das grades dos “infratores”

Destes, eles querem distância

Para eles, os “infratores” são umas “pragas”

E devem morrer isolados da bonança

Mas não só eles pensam assim

Grande parte dos “íntegros”

Nos “infratores” querem pôr a fim

A sociedade adora

Essas novidades

Livrar-se dos infortúnios

Na maior comodidade

A polícia está para trazer

A segurança dos “seguidores”

Ou estaria para trazer

A dos ricos “seguidores”?

Na mão da polícia

Também sofrem os “seguidores” pobres

Pois é fácil considerar-se “infrator”, um pobre

Se a polícia protege os ricos proprietários

Está protegendo a propriedade privada

E garantindo o bem-estar dos mercenários

Muitos “seguidores” pobres estão alienados

Acham que os “infratores”

São os “destruidores” da sociedade

E esquecem a culpa dos “seguidores” ricos

Os “infratores” também estão alienados

Atacam na maioria das vezes

As classes baixas da população

Sendo a desigualdade a culpada da situação

“Mas por que os ricos são culpados?

E como surgiu essa ordem de violência e caos?

Eu quero saber!” – diz o leitor atordoado

Ah, caro leitor

O que provoca a imensa desigualdade social?

O que causa o não investimento na educação?

A miséria fomenta uma grande revolta

Na cabeça das pessoas

O dito meliante fica com raiva

Desse panorama e da escolta

Eles não têm nada a perder

Não têm dinheiro, nem oportunidades

Por isso são condicionados a matar, roubar

Exceções de miséria e “ótima conduta” são mostrados na TV

As penitenciárias são verdadeiros solos

Para o cultivo da revolta do presidiário

Centenas deles numa cela os deixam mais incendiários

Porém, a classe dominante

Percebe que o mal está voltando para si mesma

Os crimes estão cada vez mais organizados

Mas ela teme ainda mais a união

Se os “seguidores” pobres e os “infratores”

Se unissem seria o término da sua hegemonia

Para isso não acontecer

Ela dissemina seus preconceitos e ideologias

Dividindo a classe trabalhadora

E as injustiças continuando a florescer

“Você é presidiário, sai do meu grupo!”

“Você é homossexual, sai do meu grupo!”

“Você é negro, sai do meu grupo!”

São casos que dividem a sociedade em grupos

“Eu só participo do combate ao machismo”

“Eu só participo do combate à homofobia”

“Eu só participo do combate ao racismo”

Por que também não participam do combate ao capitalismo?

O capitalismo saboreia

A fragmentação dos movimentos sociais

Até investe neles

Contanto que a causa não seja revoltas sociais

E então meu amigo,

Ainda acha que os presos das cadeias

São os destruidores da sociedade?

Acha que devem ficar nas condições das detenções?

Acha que isolados eles devem continuar?

Você gosta de sonhar, sem ver e fazer o trabalho “sujo”?

Acha que a sociedade já está unida, é democrática?

Desculpa... nada mais a declarar.

(David Alves Gomes – Abril/2007)

DAVID ALVES GOMES
Enviado por DAVID ALVES GOMES em 18/04/2008
Código do texto: T951910
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