Será que sou um ET?

Será que sou um ET?

Eu não gosto de cerveja, nem de multidão;

Mas, adoro suco e falo palavrão;

Eu não tenho corpo de modelo, nem tatuagem;

Mas, visto jeans e faço algumas malandragens.

Será que sou um ET?

Não sou devoto, não vou à missa nem ao culto;

Mas, tenho temor a Deus e admiro o indulto;

Não enxergo, não escuto, e não falo;

Mas, choro, sorrio, e aos meus filhos abraço;

Será que sou um ET?

Não tenho os cabelos lisos, nem os olhos claros;

Mas, uso xampu, e o sol as rosas exalo;

Não sigo regras, paradigmas, nem conselhos;

Mas, não supero medos, e vivo pensamentos alheios;

Será que sou um ET?

Alguns erros cometi, minha liberdade perdi;

Julgado pela atrocidade, vim parar aqui;

Não sou santo, nem monstro, nem abutre;

Sem comida, sem esperança, o ódio me nutre;

Será que sou um ET?

Não tenho casa, nem família, nem nome;

Mas, sei pra aonde vou e tenho um codinome;

Não estudo, não trabalho, e não leio;

Mas, fico para recuperação, e sem recreio;

Será que sou um ET?

Não namorei, nem noivei, e nem casei;

Mas, meu corpo e minha alma martirizei;

Não tenho filho, esposa, nem parente;

Mas, a esperança em mim é latente;

Será que sou um ET?

Eu não vou ao shopping, nem assisto tevê;

Mas, gosto do mato, e corto o ipê;

Não gosto da praia, nem da internet;

Mas, faço sexo e como em lanchonete;

Será que sou um ET?

Não dirijo carro, nem uso drogas;

Compro bugigangas e dou esmolas;

Não jogo bola, nem vejo pornografia;

Mas, desejo mulher e abomino a pedofilia;

Será que sou um ET?

Não brinquei com carrinho, nem briguei na escola;

Preferi escolher minha felicidade, a mercê na aurora;

Gosto de mulheres, homens e ambos;

Sofro por amor e repasso os muambos;

Será que sou um ET?

Não sou celebridade, nem indigente viril;

Mas, não passo despercebido pela Injustiça do Brasil;

Não tenho plano de saúde, nem cova cativa;

Mas, pago imposto e ouço promessa pejorativa;

Será que sou um ET?