" OBREIRAS DA NOITE"

"OBREIRAS DA NOITE"

Ingênuas larvas seminais depositadas

Langores d´alma ressentidos

Explosões sensoriais atendendo às injustas provocações

Gozos insanos, falsos e dissimulados

Feridas purulentas a cobrir ímpios corpos

Fétidos odores trescalando de cloacas. Simulacros de bocas!

Pobres daquelas que abusam da inocência de outrem!

Corruptoras de anseios, sendas e vidas!

Ao lado das meretrizes avolumam-se os tanques de roupa...

Chamam-lhe ao trabalho ofícios diversos

Reiteradas negativas aos honestos clamores!

Escárnio,sarcasmo, menosprezo à dignidade!

Riem mais uma vez dos tolos a labutar...

Mas, a divinal clava da justiça...

Cai-lhe sobre as pútridas e infectas carnes...

Moscas voejam... Urubus coriscam!

A rapina dos bens da vítima não logrou êxito...

Dela não bebeu o veneno afetando aroma de festa...

As decompositoras aves enjoadas vomitam à terra...

As nojentas secreções da prostituta encerrada para sempre...

Em seu leito de dor, agonia e opróbio!

Nota da Recantista: Propus a mim mesma um desafio poético. Gosto de poemas góticos e desenvolvi este tema "prostituição" sob a égide deste estilo.Tintas de Goya nos escritos, aroma de Augusto dos Anjos...

Ao contrário do que se leva a pensar a prostituta não morreu. Está doente,acamada, e os urubus são o mau presságio lhe visitando.

Mas, nada contra quem queira mercadejar o seu corpo... A maior vítima é a própria meretriz que tudo perde inclusive parte de sua dignidade humana...

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Ivone Maria Rocha Garcia
Enviado por Ivone Maria Rocha Garcia em 01/04/2014
Reeditado em 02/01/2017
Código do texto: T4752373
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