O Cântico da Rã-Cisne

Não tenho hoje a pretensão imortal dos poetas.

Hoje, basta alcançar a ti.

Dopados de um lirismo ao longe

(bem longe em meio a bruma) e

Sem admitir que fosse talvez aquela lira

um cântico de Rã;

De mãos dadas, pagamos o barqueiro.

Você sempre soube que era terreno pantanoso.

Eu também sabia que

Era comum aos condenados aquela travessia.

Mas ante a incerteza da tragédia ou perfeição,

Não era admissível negligenciar assim o coração.

Seduzidos pelo canto das Rãs-Cisnes,

Como líricas sereias que afogam os marinheiros,

Nosso crime foi o tempo.

Eu disse: _Vem!

Você veio. Mas devia ter ficado.

E o encanto já não era mais constante.

Você disse: _Estou aqui!

Eu fui. Mas estava acorrentado.

E a lira estava agora dissonante.

Pois Bem! Paguemos nossa penitência:

O mais assombroso dos castigos

Dado aos mais terríveis criminosos.

Para sempre encarcerados neste limbo.

Um mundo paralelo

Entre o que é e o que poderia ser,

Bateu-se o martelo.