O Amargor da Vida d'um Espelho

Temperado ou não - É um amante

Diante do frio cáustico da matéria

Devoto. Ser atemporal e necromante

É um pilar de desejo a cada artéria.

Cada ser vivo é servil a sua imagem

Reflete o florescer áureo da retina

Serve para ver o ato de libertinagem

Ou puir conforme o tempo lê a sina.

A cada ruga e a cada singular marca

Um semblante desanimado se forma

Sabemos que o tempo faz a fuzarca

E a dúvida se torna a única norma.

Até que diante do destempero solene

Nós lhe ignoramos permanentemente

Porque ele, mesmo bruto, será perene

Enquanto da casca sou breve residente.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 30/04/2016
Código do texto: T5621371
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