o calar da noite sob o trópico

faz calor

nesta parte do trópico

a noite agoniza

e’u não durmo com o seu alucinante

estrilo

te vejo dobrar a esquina

os pés de piche

feridos

bailam sobre os ladrilhos

da viela escura

e sangram

os dedos

me entrelaçam os cabelos

rasgando feridas

e acariciando a sanidade

escondida sob os cílios

estremeço

não ouso abrir os olhos

ou desocupar as mãos

para impedir o arfar

do peito

só deito

e me deixo fluir

pois

é teu

o suor

que me escorre os canos

a brisa

que me desmancha

em súbito desespero

quando

a palavra se cobre

de mortalha

saliva

e some!

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 23/11/2016
Reeditado em 23/11/2016
Código do texto: T5832646
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