o calar da noite sob o trópico
faz calor
nesta parte do trópico
a noite agoniza
e’u não durmo com o seu alucinante
estrilo
te vejo dobrar a esquina
os pés de piche
feridos
bailam sobre os ladrilhos
da viela escura
e sangram
os dedos
me entrelaçam os cabelos
rasgando feridas
e acariciando a sanidade
escondida sob os cílios
estremeço
não ouso abrir os olhos
ou desocupar as mãos
para impedir o arfar
do peito
só deito
e me deixo fluir
pois
é teu
o suor
que me escorre os canos
a brisa
que me desmancha
em súbito desespero
quando
a palavra se cobre
de mortalha
saliva
e some!