Restos de aborto

Pedaço esquecido, que dá mulher escarne

Fruto proibido a quem ninguém comove

Que é interrompido antes dos nove

Por quem comete descuido, no pecado da carne.

Feto de tristeza nausorenta e ludibriante

Jogado na lixeira pedaço por pedaço

Desocupando da barriga o reservado espaço

Que pertence ao germe coadjuvante.

E infelizmente era só mais um

Em meio a esse aglomerado atum

De inafortunados natimortos.

E o mundo ainda te difama

Poem em te, reles mortais, injusta fama

Reduzem-te cruelmente a restos de aborto.