A FLOR CADÁVER

Na lagoa de turvas brumas

flutuava o espectro da lua

espargiu o plissado cálice

a flor cadáver seu espádice

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As mórbidas espartas violáceas

expelindo essências putrefatas

sombrias, taciturnas auréolas

mortalha purpúrea malévola

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O vento címbalos e adufes

se faziam seus cúmplices

soprando o extrato da morte

nas negras sedas da noite

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Sob o olhar das árvores umbrosas

de cálidas estangas assombrosas

na névoa do odor fétido

arapuca horrífica dos insetos

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Recolheu as fúscias espádulas

em suspiros como os das almas

adormeceu o espírito solitária

envolta em sua urna sacrária

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E a última refutada aranha

repugnou de suas entranhas

tísica múmia, refugo

mofar no jazigo dos musgos

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As formigas coveiras

profanaram a caveira

ceia macabra, canibal

expurgada da flor do mal

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 18/12/2020
Reeditado em 19/12/2020
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