XL - Phantasma - Ethos de uma Alma Invertida

De teu rosto belo,

Cravejado por olhos celestiais,

Emana a única vida neste

Corpo esculpido em gesso,

Branco como a fronte da Lua.

Quiçá, sejas tu, um mero

Fantasma de uma vida que

Se extinguiu pois tuas

Palavras não são dotadas

Do necessário verbo.

Porventura, do alto de sua

Sensualidade acidental e casual,

Sejas uma pretensa Vênus.

- Vênus Ilegítima, Vênus sem amor -

Do corpo gélido e sem o ego

Dignos de uma Mãe-de-Eros.

Pareces-me mais um

Metamorfo, um memetizador.

Ou um Eco contemporâneo,

Fadada a repetir as falas de outrem.

Ainda sim, Vênus Ilegítima,

Fantasma de Olhos Celestiais,

A volúpia acossa-me como

O Diabo a uma jovem beata.

E eu, como um amante

Dos mortos de meu cemitério,

Devoraria também este fantasma

De lábios róseos, deixando-lhe

As faces enrubescidas como

Se a vida ali corresse

Em veios contínuos, assim

Como de mim jorra a seiva

Bruta - repleta de vida - que

Lhe molha os lábios e os seios