Melancolias e Alguns Versos VI

A tormenta apenas aumenta

A agonia dessa alma

Cujo ódio, no sangue, fermenta

Para cuja dor, não há calma

Não há sangue que sacie

Uma garganta seca e ferida

Nada mais que amacie

Um coração onde não há vida

Olhos vazios e viscerais

Vagam pelo inferno,

Onde perecem os mortais

Em seu tormento eterno

Destino selado,

Por almas vendidas

Mundo desolado,

Por mentes corrompidas

O reinado do filho do homem

Está próximo, preveem as escrituras

No pecado, as criaturas se consomem

Entregando-se às mundanas loucuras

Falsos profetas distorcem o que se vê,

Falsa ciência reinventa o que se lê

Crueldade e luxúria banham a terra pagã,

Onde regozijam os filhos de Leviatã

Meus rins me falam de dia,

De noite, meu estômago lamenta

Por esta alma perdida e vazia

Que somente a solidão acalenta

Buscar consolo nas trevas,

Quando até a escuridão é cruel

Todo o dia, partem as levas

Destinadas ao banco dos réus

Falar de esperança,

É uma bela maneira

De ocultar a tristeza derradeira

E a própria falta de confiança

O desespero bem que tenta me torturar

Dizendo-me que estou no fim da vida

Meus órgãos me declaram sem saída

Fecho meus olhos e deixo o sono pairar