GUARDIÃ GÓTICA

Oh, doce anjo que guarda a sepultura,
Com tua face pálida e lastimosa,
Esta boca que nada diz, casta e pura
És fria, guarda a morte, tão lacrimosa...

Quem a vê, assim imóvel e taciturna,
Os olhos, poços fundos e insondáveis,
Silenciosa e solitária, como a bruma,
Mas o que guardas? Carnes intragáveis!

Ó estátua, ó donzela de corpo imóvel!
Fada incorruptível das noites mais escuras
Nada sondas, questionas ou procuras.

Ainda assim, és guardiã desta cripta de ossos.
Bela gárgula, sob sol ou tempestades
Beijo-te os pés, em fascínio e versos!

 

 

 

Anna Corvo

Heterônimo 

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