Algo abstrato
Passei,
Passei e não olhei.
Prá que olhar?
Se meus olhos não vêem,
Não sentem,
Não percebem mais a tua presença!
Um passado sempre é um passado.
É algo que não existe mais
Que se destruiu através do tempo,
Através das horas mortas.
Olhei,
Olhei e não te vi!
Mas para que te ver?
És algo que não existe mais.
És um nada,
És um vácuo!
Um vácuo não se vê.
És ausência, não preenche,
Não constrói,
Nem destrói.
Olhei-te e, no entanto nem sei o que vi.
Para mim acabou!
De ser humano tu te transformaste
Em algo abstrato e o abstrato não se vê,
Não se pega.
E o que não é visto não é lembrado nem desejado.
E, eu te olhei e não te vi.
Para mim agora és indiferente,
Nem gente,
Nenhuma coisa,
Um NADA!!!
(V poesia do livro “adeus ao Sol”)