Grito da vida, grito de amor
Menino que corre pelas ruelas perdidas das favelas da vida
surta ao surdo barulho dos ventos, dos fogos, dos festins
faz bagunça não como criança
joga não o jogo da bola, mas o jogo da vida
brinca, não com o carrinho
mas com sua vida
não sonha, porque
não dorme
aniquila com os sonhos dos pais
que perdidos pelas vielas de seus corações
tentam encontrar nos olhos do filho
a inocência perdida
Mundo cão, desigual e cruel
que dita a lei do mais fraco e encobre a sujeira dos mais fortes
deixando a mostra a dor e a desolação
de um mundo cão
Onde nossas crianças não se tornam idosos
morrem em tenra idade
brincando tão somente
de mocinho e ladrão
dor latente no peito da criança
que sangra, não a dor do amor
mas por uma bala perdida ou pelo
desassossego de um sem futuro
Lamento de amor, lamento do pai
grito da paz que lamenta o filho do mundo
que morre ensanguentado num capitalismo cruel
que segue deixando rastros de dores e desamores
Por favor me façam chorar
pois lágrimas não saem mais de meus olhos
a indignação é tamanha
quero ressurreição do amor e da paz perdida pelas esquinas da vida
Rosane Silveira