já não chove
Já não chove
e as estrelas apagaram-se naquele inverno
porque falta construir um presente diferente
Já não chove como há tempos atrás
e sol é demasiado quente
arde na pele
queima nossos sonhos
Já não chove
e as estrelas no céus
das esperanças não há
e a lama insiste
em grudar nos nossos sapatos
e sujar o carpete da sala de estar
Já não chove com antes
e quando chover vão chamar-lhe dilúvio
e nossa sede não cessará
nem com um copo de água
nem com um açude que transborda
porque há quem pense num país
de coronéis e recompensas fáceis
direitos delimitado por arame farpado
porque a igualdade só existe
para os Zés e seus ternudos companheiros
por aqui já não chove
e continuam prometendo chuva
para lavar a lama grudenta
sob nossos sapatos
mas a chuva não virá
e plantação dos sonhos secará
"e virá o sr. agricultor exigir a calamidade para o bolso
e virá o sr. padre anunciar os males do demo"
e Babilônia sucumbirá
"quando as estrelas começarem a cair"
chuva não haverá.