A Patria

Hoje pode ser a penas pasto,

mas já foi mata do caru,

lá onde deixei meu pequeno rastro

de conga azul.

Ao estrondo do tambô de couro

os pássaros se agitavam na mata escura.

E eu, pequeno patriota, feliz e orgulhos

marchava em plena abertura

Iamos todos, saltando riachos,

seguindo a bandeira.

Eu no pilotão da escola,

meu pai de meião e chuteira

no pilotão da bola.

Outros sete de setembro passaram

alguns marchei de tênes,

nunca de chinelo

e sempre com ardente paixão

pelo parvilhão verde amarelo.

Mas hoje, irado poeta,

com uma alma violenta, inquieta,

quero a todo e a cada momento

soltar o meu verbo no vento.

Vou dizer aos quatro cantos

com todo o meu desencanto

que não irei mais a praça

fazer parte da faça,

da vivas a Brasil.

Não quero mais fazer pouco caso

do nosso esplicito descaso

ainda vivo e dois mil

não vou mais tanger nossa esperança

que sepre sera criança

em desfile estudantil.

Não vou mais aplaudir

nenhum palanque oficial

onde hienas arreganham os dentes

com discursos redicentes

sobre a merda nacional

Fodam-se os ufanistas

da patria armada, mãe ortil!

Sei que meus versos marginas

cairam sagrando num terreno baldio

Cleiton da silva
Enviado por Cleiton da silva em 16/09/2006
Código do texto: T241528