Revolução dos sentimentos

Perguntaram-me como eu me sentia

com relação à nação brasileira.

Eu disse o que podia,

o que não podia, me calei.

Achei melhor

voltar meus sentimentos

para o que de mais útil

possa ajudar.

Enfim, decidi-me:

Estatizei minhas emoções,

elas viriam, a partir de agora, do Estado,

estariam subvencionadas pelo poder público

e como tais, iriam depender das verbas.

Portanto, uma paixão mal resolvida

teria que esperar o decreto presidencial.

Um amor de fim-de-semana

a reunião dos parlamentares

a legislar sobre o assunto.

Para um mau humor seria melhor:

bastaria uma consulta ao diário oficial.

Uma tristeza precisaria de um projeto de lei,

precisaria ser homologada.

Mas o que seria demorado mesmo

é a ira, essa teria que ter

consulta popular em plebiscito,

para que fosse devidamente referendada.

Assim, quem sabe,

minhas emoções estariam em acordo com

o projeto de governo

e não teria que justificá-las

Para qualquer um nem para ninguém,

eis tudo.

Essa seria a revolução dos sentimentos.

Promulgada a 7 de setembro

de 2013.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 17/08/2013
Reeditado em 17/08/2013
Código do texto: T4438587
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