BRASILEIRA

Invocada dos confins destes verdes brasis

Lá vem ela vestida de chita e alecrins

Mucama, cabrita, cheirando a dendê

Morena castiça, Catarina loura

De unhas postiças na negra Bahia

Mãe da bastarda, madrasta menina

Índia aboiando de Parintins caminhos

Amiga, a míngua, bolsa-família

Roliça, rotunda só caras e bundas

Palafitas no mangue, ressequidos peitos

Lá vem ela gingando apesar de imolada

Sambando a ladeira, violada mãe preta

Profetiza confusa, gestando o agreste

Parida, partida, presa e liberta

Quantos vidros miçangas e balangandãs

Muitas flores adornam os negros cabelos

Na lua redonda e repleta de aruanã

Seus desvelos, seus pêlos brilham ao sol

Coxas carnudas, fluminenses baixadas

Abaixada, ordenhada por bocas infantes

Mucama se deita na cama do dono

Sem peia rameira, nem eira nem beira

Beata mineira, quitutes ladeiras

Sabará, Tiradentes, caboclas faceiras

Com bocas molhadas, mulher brasileira.