O Recife dos poetas.

Passeio na ilusão do encontro com as certezas que sempre profetizei.

Adormeço sentindo o ar quase puro do ar-condicionado.

Levanto-me na madrugada gélida e solitária para escrever

Sobre amores românticos ou profanos.

Sigo as avenidas do prazer.

Junto todas as incongruências e as torno congruentes.

Ultrapasso os carros quase apagados, os sinais vermelhos,

E as meretrizes estudantes.

Tanta beleza, tanta pobreza.

Uma cidade de contrastes.

Nas ruas, descalço, caminho sozinho.

Nos postes mictórios, apóio-me para descansar.

No Marco-Zero sento-me para admirar as esculturas infames.

Acendo um cigarro e começo a jogar com as palavras.

O Antigo continua antigo.

Navios em seu porto e a fragrância peculiar.

Nas estradas, pelas quais prossigo ao retornar,

Atravesso o Capibaribe.

De versos e rimas, pobres e lixos,

Sonhadores e loucos, bêbados sem destino.

Ah! O meu Recife continua lindo.

Cidade dos loucos profetas,

Dos marginais sem pais,

De mortes brutais e

Dos grandes poetas.