Canção do Exílio

Minha terra tem fruta-pão,

Onde nasceu o Sabiá;

Os poetas que aqui redigem,

Não redigem como lá.

Nosso céu tem menos ozônio,

Nossas várzeas têm mais concreto.

Bosques, nós não temos,

Em compensar, temos insetos.

Em cismar, sozinha, à noite,

Mais prazer encontro eu cá;

Minha terra tem fruta-pão;

Da qual nem uma pude provar.

Minha terra tem cantores,

Que tais não encontro eu lá;

Em cismar – sozinha, à noite –

Mais prazer encontro eu cá;

Minha geladeira tem salada de frutas,

Deixo a fruta-pão para lá.

Mas não permita, Deus, que eu morra,

Sem que eu passe por lá;

Sem que desfrute dos primores

Que não encontro na salada;

Sem qu’inda prove as frutinhas,

As quais provou o Sabiá.

OBS: aê, Gonça, sem ressentimentos.

Fernanda Barata
Enviado por Fernanda Barata em 23/06/2008
Código do texto: T1047780
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