DE VENTOS E DE TEMPORAIS
De areia e seixos,
do verde lodo,
de bambuzais e revoada de pássaros
fui feito.
De frutos de jenipapeiros
e mangueiras
e das àguas dos dois rios
que banham a cidade,
ali, vindas do alto vale,
grávidas de ventos e temporais
que inventavam goteiras
nos telhados das casas.
Ali me fiz homem
nascido e destinado à vida,
destinado ao sonho,
destinado ao coaxar dos sapos
e ao soar das muriçocas.
De argila e barro,
de àgua de cacimba,
de açude,
de córregos e ribeirões
fui feito,
nascido e destinado à vida.