O nordestino e o uirapuru
Em galho de oiti um canto raro:
Cantava o uirapuru melodioso;
Puxava o meu bode; ouço e paro!
Embora o calor fosse odioso.
Na sombra, passa fome e descanso,
O bode ergue orelhas com espanto;
E nós espreguiçamos no remanso
De ouvir em sombra e brisa o raro canto.
Nos galhos do oiti pousam mais aves,
Silentes com seus bicos bem fechados,
E o canto nos comove: eu e o bode.
Feliz, abro meus dentes sem entraves,
Embora só me restem os rachados,
Somente abre o riso quem o pode.