O nordestino e o uirapuru

Em galho de oiti um canto raro:

Cantava o uirapuru melodioso;

Puxava o meu bode; ouço e paro!

Embora o calor fosse odioso.

Na sombra, passa fome e descanso,

O bode ergue orelhas com espanto;

E nós espreguiçamos no remanso

De ouvir em sombra e brisa o raro canto.

Nos galhos do oiti pousam mais aves,

Silentes com seus bicos bem fechados,

E o canto nos comove: eu e o bode.

Feliz, abro meus dentes sem entraves,

Embora só me restem os rachados,

Somente abre o riso quem o pode.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 14/12/2008
Reeditado em 09/01/2010
Código do texto: T1334661
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