AS LAVADEIRAS

Segunda-feira, como de costume,

e como se combinado fosse,

todas se perfilavam:

lata na mão,

sandália arrastão nos pés,

saia rodada, vestido de chita,

cabelos alinhados para acomodar a trouxa na cabeça,

como se se enfeitassem

para uma festa grandiosa.

Lá iam as lavadeiras,

cantarolando à sua sorte,

à beira do Jequiriçá

para seu sustento tirar.

Em meio a tantas dificuldades,

elas contentes ficavam

ao traduzir suas mágoas,

seus anseios nas variadas modinhas populares.

Eram músicas de apelo, de dor, de desejo e até inventadas

por elas mesmas,

dependendo da ocasião,

e, num momento de inspiração,

para determinar sua grandeza.

Elas passavam, uma a uma,

e, eu, ainda pequenino,

me portava de pé

para ver a alegria reinar

nas vozes daquelas mulheres

na esperança do aguardar.

Tunin/

Ilhéus/2008

Tunin
Enviado por Tunin em 27/01/2009
Reeditado em 07/04/2009
Código do texto: T1407083