CONVERSA DE GALPÃO
Enquanto queimo o feno, o trigo cresce,
não no serrado, nem no agreste,
cresce nas campinas, perto das coxilhas
onde o minuano sopra furioso e uivante.
É hora de acender a fogueira,
de pôr a chaleira pra esquentar a água,
de preparar a cuia e o mate,
sentar em roda pro chimarrão.
As longas horas da madrugada não são nada
se comparadas aos dias chuvosos e hostis,
quando debaixo de grande aguaceiro se ajuntam
aos pares o gado pelos monteiros.
A cuia passa de mão em mão.
Os causos são sempre os mesmos,
mas sempre contados com outra conotação.
Na fogueira atiçada pelas conversas,
os homens aos poucos vão se acalmando
pra enfrentar mais uma longa jornada.
São Paulo, 3 de junho de 2009.