CONVERSA DE GALPÃO

Enquanto queimo o feno, o trigo cresce,

não no serrado, nem no agreste,

cresce nas campinas, perto das coxilhas

onde o minuano sopra furioso e uivante.

É hora de acender a fogueira,

de pôr a chaleira pra esquentar a água,

de preparar a cuia e o mate,

sentar em roda pro chimarrão.

As longas horas da madrugada não são nada

se comparadas aos dias chuvosos e hostis,

quando debaixo de grande aguaceiro se ajuntam

aos pares o gado pelos monteiros.

A cuia passa de mão em mão.

Os causos são sempre os mesmos,

mas sempre contados com outra conotação.

Na fogueira atiçada pelas conversas,

os homens aos poucos vão se acalmando

pra enfrentar mais uma longa jornada.

São Paulo, 3 de junho de 2009.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 03/06/2009
Código do texto: T1630300
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.