Velha mangueira...
Velha e frondosa, resistiu ao tempo, feito uma rocha,
Oh, grande árvore, você conheceu tudo a sua volta,
Testemunhou o nascimento, a vida e a chegada da morte,
Fez sombra nos dias de sol, e balançou aos ventos do norte,
Seus frutos divertiram, pintando de amarelo bocas infantis,
Alimentaram, saciaram a fome de quem não tinha nada nos barris,
Abrigou tantos pássaros, tantos ninhos, proveu tanta vida,
Suas sementes, já germinaram, brotarando, na terra escolhida,
Velha mangueira, ainda hoje me lembro, admiro e te invejo,
Sua postura forte, seu tronco imenso, ouvindo o cantar do tejo,
Hoje tenho que me esforçar pra lembrar, e não esquecer jamais,
Da alegria de tempos atrás, do sabor de suas mangas imperiais,
Do barulho das motosserras, dos machados e cabos de aço,
Sendo derrubada, esquertejada, e carregada aos pedaços,
Despejada de seu terreno, tratada como sujeira, sendo varrida,
Dando lugar ao concreto, que é frio, cinzento e sem vida...