NINGUÉM VAI MUDAR A MIM

Não me venha com Ferrari.

Prefiro meu “Jumentim”.

Nem também com etiquetas...

Ninguém vai mudar a mim!

Gosto de ser como sou.

Adoro ter o que tenho.

Sou do tempo da casa de farinha.

Do tempo do velho engenho.

Detesto - e muito - frescura!

Gente rica, metida a besta.

Meu doce fino, é rapadura.

Com um fole veio, faço a festa.

Uísque importado,

Aumenta a minha pressão.

Prefiro caninha da boa.

De preferência com quebra-facão.

Não sei o que é caviar,

Faisão, sushi... como é que pode?

Pois é verdade, eu não menti!

Prefiro buchada de bode.

Odeio formalidade!

Cumprir horário, ter que esperar...

Não me informe como me vestir.

Não me instrua como me sentar.

Nem como tenho que comer,

Que programa devo assistir...

Pra ser sincero, detesto tv.

Chega de ver político mentir!

Pra conhecer a Europa,

Precisa me convidar não.

Se tenho medo de elevador...

Imagine então de avião!

Prefiro andar de carroça

Ou outro bicho sem motor.

Prefiro ir comer bode assado,

Lá no buteco de Dodô.

Com a vida aprendo e ensino,

Enquanto a vida vai me levando.

Me divirto fazendo menino,

Na beira do riacho pescando...

Foi bebendo pinga lá na venda,

Que um dia, matei a charada.

"Se farinha fosse americana,

Banquete da bacana era farinhada."

Marcos Aurélio Mendes