sem ter como isso registrar , tirei foto com a imaginação

uma casa de taipa chão batido

o terreiro arrudiado de fulô

na janela uma cortina de tricô

uma cerca de arame retorcido

uns cabritos no pasto destraidos

no alpedre alguem bate o pilão

no roçado a dibúia de feijão

no fogão a panela à coziar

e sem ter como isso registrar

tirei foto com a imaginação

um adjunto para uma farinhado

a alegria impera sem cessar

o caititú começa a zuar

que de longe se ouve a zuada

vem mandioca, vai raspando e a meninada

faz fulia ca maior animação

farinha mole, piçica é tradição

e no forno o beijú para assar

e sem ter como isso registrar

tirei foto com a imaginação

um casal que ainda começando

a descobrir o feitiço do amor

sorridente recebendo uma fulô

isso prova que os dois tão se amando

um tapinha, um beijo e vai esquentando

que se ouve o pulsar do coração

o orvalho regando essa paixão

os vaga lumes ao redor a festejar

e sem ter como isso registar

tirei foto com a inaginação

foi erguida a latada no terreiro

com certeza terá arrasta pé

se aglomera os home as mulé

os mininos as mininas os companheiros

já se encontra lá dentro o safoneiro

tocando o xaxado o baião

a pueira currupia sobre o chão

que da até pra alguem se sufocar

e sem ter como isso registrar

tirei foto com a imaginação

de manhã com a barra já quebrando

uns cuchilando, uns bebo outros caido

o sanfoneiro pra lá de esquecido

que nem sabe o que mais está tocando

de repente um por um vai se afastando

o sol já mostrando o seu clarão

tudo valeu foi grande a animação

eu tambem parti pr'outro lugar

e sem ter como isso registrar

tirei foto com a imaginação

poeta pica pau

POETA PICAPAU
Enviado por POETA PICAPAU em 07/09/2009
Código do texto: T1797746