Vou me Levantar da Rede

Vou me levantar da rede,

Abrir mão da maresia,

Dar com a testa na parede,

Fazer tudo com alegria;

Pular, cantar e dançar,

Rimar, rimar e rimar:

Não sou ninguém sem poesia!

Vou reclamar muito pouco,

Sorrir pra dificuldade

Podem me chamar de louco

Mas não falto com a verdade;

Meu velho chapéu de palha

Me garante e nunca falha:

Sou matuto na cidade!

Quero cantar o sertão

Das mil histórias de feira;

Dos cabras de Lampião

Aos versos de Zé Limeira,

Do baião de Luizinho

Á Cícero, meu padrinho

E sua nação romeira

Das lutas com onça braba

Tenho prova e testemunha:

No meu chapéu, bem na aba

Tem um corte feito a unha

Por uma onça pintada

Que depois de bem surrada

A virar santa se punha

No meu matolão carrego

Tudo o que vi e vivi

Das bandas de Cacha Prego

Ás terras do Cariri;

Histórias de homem-lobo

Às vezes me sinto bobo

Porque quando vi, corri.

Vou me levantar da rede

Agora, sem demorar;

Saciar a minha sede,

Me colocar a versar,

Escrever mais um cordel

E cumprir o meu papel

De sempre continuar...

Tarcísio Mota
Enviado por Tarcísio Mota em 05/01/2010
Reeditado em 26/01/2010
Código do texto: T2013114
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