VERDADES - Folclore
O que digo não repito
Fica o dito por não dito
Quem ouvir a história
E achá-la bonita
Grava minha palavra
Guarda na memória
Não me peça que repita
Sou mestre no assunto
Não invento mentira
Não juro de pé junto
Nem pelo ar que se respira
Cada caso que eu conto
Sempre um aumenta um ponto
Todos eles são verdade
Basta você acreditar
Pra que eu ia falar
Que tem um Boitatá
Andando pela cidade
Em noite de luar?
Tem mais coisa que vi
Passando por aqui
Neguinho de perna só
Disse se chamar Saci
Rápido de levantar pó
Está por aí nos cafundó
Alguém acha que sou bobo?
Sou quem nem velho Tomé
Tenho de ver pra crer
Meio homem, meio lobo
Fugiu pata ante pé
Quando veio o amanhecer
Por aqui anda umas donas
Galopando sem parar
Acho que pagam promessa
Chamam elas de Amazonas
Passam bem depressa
Sem nunca se cansar
Uma noite se alumiou
Estremeci, me amedrontei
Pensei: vou ou não vou?
Curiosidade quem te agüenta?
Sabe o que era, meu rei?
Não me vá dar risada...
Mula sem cabeça danada
Soltava fogo pela venta
Quem não viu o negrinho
Amarrado no formigueiro?
Saiu de lá inteirinho
Montando cavalo trigueiro
Subiu rapidinho ao céu
A virgem estendia o véu
Essas histórias quase reais
São de antes de eu ser criança
Eu vi, por isso acredito
Guardo todas na lembrança
Agora não falo mais
Já disse que não repito