EQUINÓCIO
A paísagem que me encanta
Nesta cidade que se levanta,
No crepúsculo, esplendor,
O cimo das árvores que verdeja
As folhas num manto rumoreja
Fremem com ventos do alvor.
O nascer do sol sobre a serra,
Deslumbra a alma que encerra,
A noite que o sono restaurou
Depois de tão pesado dia
O corpo procura a harmonia
No leito sagrado que deitou.
Meus olhos procuram as flores
E dizeres poéticos de amores,
Para ouvir dos pássaros a canção
Nos acordes de cada criatura
Ao tanger na força da ventura
Para que não cale o coração.
Noutro ciclo o sol desponta
Na manhã que a vida me aponta,
Sem revelar a ausência do mar,
Numa cidade cálida e ardente
Onde o vigor do jovem inda sente
O doce privilégio de amar.
E no equinócio do outono
Enleados os galhos de sono,
Arrastadas folhas secas pelo chão,
Na força da pândega ventania
Que brincara em plena luz
Vem arrastando lenta a fantasia.
(YEHORAM)