A Seca

Urubus do Piauí,

rasgam mortalhas,

ouvem rezas...

Badalam sinos,

enxadas cavam farturas.

Derramam suores,

pintam flores nos vestidos,

dançam, agitam os braços,

colhem no invisível,

os pingos da chuva.

Voam:

galos de campina,

rapongas,araras, abelhas...

Avançam currais, serras,

pedras lisas, cercas,

quintais...

Os olhos olham os cactos

águas sonham açudes,

chora o rio Poty.

{Deus sabe das horas de pranto}

No silêncio, anjos atraem os ventos;

trabalham as flores,voltam as aves.

Celebram no ar e nas calçadas,

a alegria dos homens.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 04/05/2012
Código do texto: T3649295
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