Anoitecer nos campos
Anoitece nestes campos, fim de um curto dia de junho.
Logo terá fogueira pros santos e forte aroma de vinho.
Fora, solidão se anuncia, o pranto é o sereno.
A noite estrelada, sem vento não assobia.
Salpicada de lampejos, assiste paciente.
Respeito silente pelo apagar do dia.
Friagem, depois o frio, envolve todo o canto.
Congela, cristaliza o derramado pranto.
Rebate o céu estrelado como um espelho,
Deitado sobre o chão vermelho.
Assim madrugado, afora, entre campos e alambrados,
Congelado, o véu do pranto, anuncia-se branco e imaculado.
Quando o sol desponta, revela o véu sangrando.
Prostrado se desmancha no chão, regando.
Por ironia ou por ciúme irriga a mais linda das cantigas.
É vento assobiando nas flechilha, festejando o clarear do dia.