O VENTO
Tal bandeirinha pendurada
num cordão alheio ao tempo
Vem o sol e a madrugada
desbotando a juventude.
Mas de cima vejo tudo
passos cadentes, cantados
apressados, misturados
gentes de um corpo só.
Sinto o cheiro adocicado
de maça do amor e canela
de churrasquinho de gato
e milho cozido na panela.
Tal bandeirinha pendurada
com prazo de validade
que o vento leva e traz
sem se importar de verdade.
Assim é o peito sem amor
paciente sem salvação
doente do coração
que não vai mais escapar.