Nossos Versos na Poeira

Nossos versos na Poeira

I

É transformado em poeira

O esqueleto da caveira

Sobre a pedra sepulcral

Da catacumba primeira

Para guardar em seu bojo

Unicamente poeira.

II

Reduzidos a poeira

Todos íntimos destroços

Da mente dos homens sábios

Que põem os próprios remoços

No sarcófago cadavérico

Do museu frio dos ossos.

Iii

Todos, sentimentos nossos

Daqueles tempos passados.

Ditos nas letras poéticas

À poeira, transformados,

Como os quadros briosos

Pelos séculos apagados.

Iv

Iguais corpos enterrados

Pois, de animais extintos

Que a boca larga da terra

Expôs seus dentes famintos

Para devorá-los na ância

Dalguns períodos distintos.

V

Perdidos nos labirintos

Dos tempos e dos espaços

Todos, versos que fizemos

Com as liras sob os braços

As mãos do tempo escrevem-nos

Nas páginas dos calhamaços.

Vi

Para eternizar os traços

Postos nos papéis polidos

Onde estão nossos versos

A poeira, reduzidos

Restando apenas partícula

No pó dos séculos perdidos.

Vii

São monstros adormecidos

De muitos séculos passados.

Seres mortos doutras eras,

Tétricas, quão empoeirados

Mesmo que os queiramos

Não serão ressuscitados.

Viii

Na poeira, sepultados

Como homens primitivos,

Vivendo dentre cavernas

Dos séculos evolutivos,

Deixando apenas resquícios

Para todos, seres vivos.

Ix

Homo sapiens primitivos

Na escuridão das cavernas

Inventado pelos atos

Sob regências eternas

Criações que evoluíram

Até as ciências modernas.

X

À luz própria das lanternas

Pois, destas arcaicas mentes

Reduzidas à poeira

Postada para os viventes.

Na face fértil da terra

A forma óssea dos dentes.

Xi

Tantos homens sapientes

Vão ao pódio dos procênios

Serão reduzidos a pó

Como os sábios e os gênios

Na integração das eras

Dos séculos e dos milênios.

Xii

Caíram os palácios armênios

Viraram então indício

Para os livros da história

Simples, reles, artifícios

Consumando tudo a nada

No apagar dos resquícios.

Xiii

A glória azul dos patrícios

Foram todas reduzidas

A poeira, a pó, a nada,

De tantas épocas renhidas,

Pelas passagens das eras

Sepultadas e esquecidas.

Xiv

Serão poeira, muitas vidas

Abraão, Isaac, Jacó

Pais de grandes gerações.

Como o patriarca Jô

Nós somos perante deus

Uma partícula de pó.

José Turflay Albuquerque
Enviado por José Turflay Albuquerque em 14/06/2013
Código do texto: T4341500
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