Gaúho

Sou vento e tempestade,

sou chuva e trovoada.

Sou o galho e a saudade,

a faísca relampeada.

Sou estrada do boiadeiro,

sou o barro amassado.

Sou carreta do quitandeiro,

sou lembrança do passado.

Sou o berro do boi pitanga,

sou coxilha verdejante.

Sou canzil, sou canga.

Sou carreteiro ambulante.

Sou gaúcho gaudério.

Sou potro da cancha reta.

Sou rodeio, sou sério.

Sou laçada correta.

Sou maneia do maneador.

Sou laço de doze braça.

Sou xucro corcoveador,

não há o que não faça.

Sou berrante, sou invernia.

Sou o chamado, sou tropeiro.

Sou verso e sou poesia.

O Rio Grande é meu travesseiro.

Helmuth da Rocha
Enviado por Helmuth da Rocha em 10/02/2014
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