Comparseando
Mês de novembro é de festa
Lá p’ra os lados da campanha
A gauchada se assanha
Nas “ comparsa ” de esquila...
De martelo, ganho uns pila
Tesoura nova, Corneta
Encilho minha égua preta
Amilhada já faz dias.
Vai na mala de garupa
Uma pura com tempero
Pois quem toza o dia inteiro
Se estafa , barbaridade!
Enquanto tem claridade
Dou serviço ao maneador
Só quem foi esquilador
Sabe que eu falo a verdade.
Lhes digo, compadre velho
Que rebanho macanudo
Cada merino taludo
De “engasgá” o fio da tesoura.
E a cordeirada bem gorda
Retoçando na mangueira
Comparseio a vida inteira
Nesta vivência crioula.
Paga a ficha, seu cancheiro
Que hoje a changa vai ser buena
Fim do mês vou p’ras morena
“ Campeá ” uma do meu gosto.
Pois me agrada um retoço
Desses de gaita e pandeiro
E me largo bem faceiro
No meio do alvoroço.
Nos pelegos, campo a fora
Eu me páro entretido
Escutando o alarido
Dos grilos cantando ao léu...
Na noite envolta em seu véu
Me espreitam olhos matreiros
Que se fizeram luzeiros
Nas Três Marias do céu.