SECA DOR

Sou filha do cerrado

trago os ombros ardidos de sol

e a pele curtida pelo tempo.

Trago algumas gostosuras:

o gosto do pequi

a boca amarela da manga

e a calma pesqueira do barranqueiro

que tira do rio seu sustento,

e que não se sustenta mais

porque findos...

Mas, resiste

como as árvores ressequidas do sertão.

Sou filha da resistência

do céu limpo

de incontáveis luas...

Sou o calor das estações – Verão!

Sou canção e dor

Vida, sou

no rasteiro chão

dessa terra seca.

Sou, sobretudo, esperança.

E esperançando

sou anúncio de boas-novas

quando no céu

as nuvens escurecem

gritando por chuva.

(Suerdes Viana)

Suerdes Viana
Enviado por Suerdes Viana em 05/11/2015
Código do texto: T5438651
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