Queixa de um Severino

Eu vim falar do sertanejo

Daquilo que, do seu engenho, João Cabral não viu.

O sertanejo, João Cabral,

Não vive de luto,

O sertanejo é céu azul do meio-dia,

É o incêndio rubro e áureo do crepúsculo vespertino,

É a lua fresca prateada,

É o bem-te-vi a dar bom-dia ensolarado.

E às vezes também o luto, é claro,

E a pedra.

Mas você viu tudo de fora, poeta,

Havia um oásis dentro da pedra!

Você não viu, por exemplo, os meninos jogando bola

Nas areias do Capibaribe...

*

O sertanejo é passado pelo poeta

Como um povoado é passado por uma andorinha.

*

O sertanejo, senhores,

Canta, sorri, persiste.

O sertanejo nunca foi só um triste.

Edgley Gonçalves
Enviado por Edgley Gonçalves em 28/02/2016
Reeditado em 20/10/2017
Código do texto: T5557935
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