CORAÇÃO ÁRIDO
CORAÇÃO ÁRIDO
(Andréia Teixeira dos Anjos Costa)
À memória de meu avô Anesio Teixeira
Retirante sem fronteira,
Busco o mar, a luz, o céu;
Pela noite derradeira,
Vim parar no Beleléu...
A barriga está gemendo,
A esperança, afugentada,
Vou seguindo e lambendo
O sujo pó da estrada...
Aspirante a sonhador,
Sou moreno desesperançado,
Na bela trilha do Amor,
Tenho meu lote fincado...
Viajando, sem descanso,
Descalço da mocidade;
Vejo, num rápido balanço,
A vida pela metade...
Nordestino sem caminho,
Busco terra abençoada
Pra botar os meus filhinhos
E ver cantar a passarada...