O Sertanejo

Antes do nascer do dia

Ao som dos pássaros cantarolando

O sertanejo já se põe de pé

Não importa se é dia de chuva

Fenômeno raro numa região tão árida

Que quando caí, é uma festa divina

Porque é sinal de fartura

Pra amenizar o sofrimento

Mesmo que seja temporário

De um povo tão sofrido.

Ou se é mais um dia daqueles

Onde o sol causticante de verão

Mata o resto de pasto que ainda há

E suga as últimas gotas d’água

Que ainda resta no fundo da cacimba

Pra aliviar a sede dos animais

Que cambaleiam de fome

Sem forças para caminhar

Porque já não há mais pasto no campo

Pra saciar a fome do rebanho.

Usando chapéu de palha pra se proteger

Do sol causticante que queima sua pele

Ele avança estrada a fora

De moringa e enxada nas mãos calejadas

Em busca do seu sustento e de sua família

Que vivem à mercê da própria sorte

Pois a rotina do dia a dia

Nem sempre favorece o sucesso

Pra quem vive arduamente do trabalho

Extraído das entranhas da caatinga

Homem de pouca cultura

Muitas vezes não sabe assinar seu próprio nome

Mas isso não chega a ser nenhum defeito

Porque seu caráter e sua nobreza

Dispensam qualquer diploma

E alimentam sua força e coragem

Que o transforma em um grande guerreiro

Capaz de vencer sua própria resistência

Pra poder sobreviver em meio às dificuldades

Que é uma rotina na vida do sertanejo.

Núbia Cavalcanti dos Santos
Enviado por Núbia Cavalcanti dos Santos em 20/10/2017
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