O Sertanejo
Antes do nascer do dia
Ao som dos pássaros cantarolando
O sertanejo já se põe de pé
Não importa se é dia de chuva
Fenômeno raro numa região tão árida
Que quando caí, é uma festa divina
Porque é sinal de fartura
Pra amenizar o sofrimento
Mesmo que seja temporário
De um povo tão sofrido.
Ou se é mais um dia daqueles
Onde o sol causticante de verão
Mata o resto de pasto que ainda há
E suga as últimas gotas d’água
Que ainda resta no fundo da cacimba
Pra aliviar a sede dos animais
Que cambaleiam de fome
Sem forças para caminhar
Porque já não há mais pasto no campo
Pra saciar a fome do rebanho.
Usando chapéu de palha pra se proteger
Do sol causticante que queima sua pele
Ele avança estrada a fora
De moringa e enxada nas mãos calejadas
Em busca do seu sustento e de sua família
Que vivem à mercê da própria sorte
Pois a rotina do dia a dia
Nem sempre favorece o sucesso
Pra quem vive arduamente do trabalho
Extraído das entranhas da caatinga
Homem de pouca cultura
Muitas vezes não sabe assinar seu próprio nome
Mas isso não chega a ser nenhum defeito
Porque seu caráter e sua nobreza
Dispensam qualquer diploma
E alimentam sua força e coragem
Que o transforma em um grande guerreiro
Capaz de vencer sua própria resistência
Pra poder sobreviver em meio às dificuldades
Que é uma rotina na vida do sertanejo.