POETA DO INTERIOR

(Cícero Manoel)

Cresci com satisfação

Andando dentro do mato,

Sou um sujeito pacato

Matuto de pé no chão,

Não troco o meu sertão

Cheio de felicidade,

Por uma grande cidade

Com seu desenvolvimento,

Onde impera o sofrimento,

E a marginalidade.

Na roça eu me criei

Com prazer e alegria,

Nela com a poesia

Desde cedo me casei.

Na roça sempre versei

Agarrado a uma enxada,

Com a mão toda calejada

Cultivando o duro chão

Cantando o meu sertão

Em poesia rimada.

Lá aprendi a narrar

Os causos do interior,

A descrever o amor,

A tristeza e o penar.

Lá aprendi a usar

A simples literatura,

Pra levar minha escritura

Pra uma sociedade

Cheia de bestialidade

Que não sabe o que é cultura.

Sou um poeta do mato

Das bandas do interior

Um poeta cantador

Que faz da vida um relato.

Perdoe o meu verso chato

Medido na cantoria,

Pois nunca me atreveria

Escrever verso sem rima,

Como alguns lá de cima

Fazem com a poesia.

Na roça onde fui criado

O meu verso sai ligeiro,

Lá me inspiro no vaqueiro

E no homem do roçado.

No repente improvisado,

Nas histórias de trancoso,

No mundo maravilhoso

Das festas do interior,

Nas rezas do rezador,

Nas prosas do preguiçoso.

Gosto de me expressar

Na arte da poesia

Arte que me contagia

Arte que me faz voar

E que me faz viajar

Seguindo uma linha reta

Em uma nave secreta

Que nunca volte talvez...

Se eu nascesse outra vez,

Nascia pra ser poeta.

(Santana do Mundaú – AL / 27 de janeiro de 2016)

Cícero Manoel (Cordelista)
Enviado por Cícero Manoel (Cordelista) em 13/04/2019
Reeditado em 13/04/2019
Código do texto: T6622847
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