A FELICIDADE DE UM SERTANEJO

(Cícero Manoel)

Meu sertão tava tão seco

Que o chão tava rachado,

De joelhos eu pedia

Para meu Senhor amado,

Chuva pra molhar a terra

Pra eu plantar meu roçado.

Já tinha brocado a terra

Mas a chuva não caía,

Novena pra São José

Com a mulher eu fazia,

Vendo o sol torrando tudo

Eu chorava de agonia.

O pasto tinha morrido

A palma se acabado,

O barreiro aqui de casa

Tinha ha dois dias secado,

A vaca tava caída

E o meu burro enterrado.

Uma tarde eu combinei

Com minha esposa Maria,

De deixar nosso sertão

Na manhã do outro dia

Em busca de terra verde

Onde seca não havia.

Mas quando a manhã raiou

O dia amanheceu nublado,

E a chuva veio do céu

Deixando a gente inundado,

Numa semana o sertão

Ficou verdinho e molhado.

Logo plantei minha roça

Feliz, cheio de energia,

Minha vaca levantou-se

Vendo o pasto que nascia,

E na friagem da noite

Fiz um moleque em Maria.

A seca daqui sumiu-se

Graças a meu Deus amado,

O barreiro está cheio,

O meu roçado plantado,

Em meu cercadinho pasta

Cinco cabeças de gado.

Maria tá com o buchão,

Tá quase chegando o dia,

De nascer o nosso filho

Aqui nessa moradia

Que eu fiz para viver

Com fé e com alegria.

(Sítio Ilha Grande, Santana do Mundaú – AL, 5 de junho de 2015)

Cícero Manoel (Cordelista)
Enviado por Cícero Manoel (Cordelista) em 24/04/2019
Código do texto: T6631317
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.