Doce Veneno
O que dizes coração, o que falas em plena chama
viva que arde em meu coração? O que ouves? O
que lhe chama atenção?
Ardente pelo fogo vivo em brasas e carvão escutas
apenas vossa pífia razão, es indolente paixão, errante
coração que viajas viajante como passageiro do
tempo, colecionador de dores de paixões ardentes
que deixas sempre para trás...
Me chama indignos batimentos, palpitações de seus
últimos momentos de plenitude no gozo de vossa
paixão embriagante que rompe todas as barreiras
do meu ser que junto a ti faz igualmente errante.
Corpo a corpo, suave veneno que escorre pelo dorso
arrastando suspiros, arrepios, suspiros, pura, puta
interação corrompida pelo amor, corroída pela carne
de vossos enlaces e encantos de sereia sob o véu
do escorpião.
Enlaces cerrados, beijos inacabados, rompidos pelo
orgasmo, pelos suspiros, gemidos de doçura, desejo
e amor. Mas que amor?? Se tudo que ver é matéria
finita, limitada ao último segundo de prazer e arrebatado
aos segundos posteriores de desprezo e limitação.
Seu amor menina, é apenas carvão, es apenas fogo de
palha, incandescente, delirante e fervente, mais que logo
se apaga com o toque de outro corpo que sobre ti se
deita, se deleita no seu prazer mulato, no seu prazer
mulher lampejo de maldade, frieza, beleza e saudade.
Por que me enfeitiças? Que praga trás em vosso coração
fingidor que finge o amor e transforma-o em dor, em suave
veneno dosado para alucinações lacerantes até a última
gota de suspiro e exaltação que esparrama pelo chão
sem vida, sem coração.
Nos últimos passos quando de dento de ti saiu, parti de
mim meu corpo mas, permanece em ti meu coração,
cujo o seu nunca me pertencerá, nunca pertencerá a
ninguém pois, para sempre serás um leviano, um leviano
coração feito apenas para repentinas paixões dosadas
pelo real valor que mereces.