Sede

Lua amiga me leva

Nessa esfera estranhamente sem forma

Numa demora que faz explodir meu peito

E assim nesta estranheza e com efeito

Sabe bem o que eu não sei dizer

Sem palavras conto meu segredo

Neste espelho em que me mostro

Desenho meu imenso desejo

Esse mesmo desejo que já me habitou

Hoje volta sem avisar e me devora

Sem prova, sem pedir, sem demora...

Lua amiga me leva

Azul constelação me cega

Não me deixa ver novamente aquela estrada

Percorre meu corpo ardente

Tira de mim esta sede indecente

Deixa-me descalça e sem pé

Espalha espinho pela rua

Rouba-me as vestes

Deixa-me nua

Afoga o desejo insano e perfeito

Tira-me a luz do dia e o infindo anoitecer

Para que eu não possa ver...

Para que eu não possa ser...

Esconda-me o caminho da volta.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 11/07/2013
Reeditado em 13/07/2013
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