Marca de Lábios

Uma borboleta pousou em minha xícara

Em sua borda suja de café, açúcar

E a marca de minha boca trêmula

Lábios que de beijos se machucam

Era branca a peça de porcelana

Um dia ainda foi virgem louça

Um dia também a maçã foi profana

E desejou os lábios da inocente moça

Em cima da mesa a toalha dormente

Embaixo das cascas duras de pão

Esquecida entre poucos presentes

Entre as manchas que nunca sairão

Nas minhas costas uma colcha de retalhos

De sentimentos fartos e marcas de batom

Meu sangue ainda percorre atalhos

Nos dedos falhos que marcam fora do tom

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 07/12/2014
Código do texto: T5061878
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