Marca de Lábios
Uma borboleta pousou em minha xícara
Em sua borda suja de café, açúcar
E a marca de minha boca trêmula
Lábios que de beijos se machucam
Era branca a peça de porcelana
Um dia ainda foi virgem louça
Um dia também a maçã foi profana
E desejou os lábios da inocente moça
Em cima da mesa a toalha dormente
Embaixo das cascas duras de pão
Esquecida entre poucos presentes
Entre as manchas que nunca sairão
Nas minhas costas uma colcha de retalhos
De sentimentos fartos e marcas de batom
Meu sangue ainda percorre atalhos
Nos dedos falhos que marcam fora do tom