LUA CHEIA NA SENZALA

Descendo a ladeira,

a crioula deixou o terreiro,

sem nada dizer, foi dançar.

A mesma dança, um samba,

mas dançou maxixe, coco,

sapateado e gafieira.

Alguns atabaques, sobre a esteira,

marcavam o ritmo e os pontos,

ao longe, as notas ecoavam.

Era "A dança do crioulo doido" (magia),

no transe, na gira, no peito ferido,

em busca dos brocados, rodopiava.

No rego da rua, evocou Yemanjá,

o suor escorria no couro liso,

atiçando a alma para uma nova dança.

Havia um gozo, uma histeria,

do rego da crioula, descia o orgasmo,

procurando algum crioulo na ladeira.

Pedro Matos

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 20/05/2015
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