BORBULHAS EM TEUS CORAIS
O teu mar é profundo,
nele encontro os mais lindos corais,
cavernas por onde navego,
paro, sinto, investigo, como tudo que posso.
Preso em teus tentáculos, dobrados,
mexilhão vivo e vermelho, pulsante,
carnívoro, predador do invasor,
navego e não desisto, quero ser comido.
Vejo algas, vejo pelos, vejo florestas,
vejo o breu no fundo do mar, vejo tudo;
vejo cavernas, vejo camas, esconderijos
do meu músculo.
Nado rápido, voo veloz, bato asas,
abro as pernas, estendo os braços,
te chamo para dançar no fundo
do oceano quente e vermelho.
Quando roubo tuas escamas,
vendo toda pele nua,
as barbatanas ventilando,
tuas guelras se abrindo;
Mordo-te da cauda ao pescoço,
nadamos um dentro do outro;
sem pressa, criamos a nossa correnteza,
redemoinho submerso, fisgado por dois amores.
Pedro Matos