A Musa Sensualizada
Tu, que no corpo puseste de vida a esperança
E ostentas pelo mundo a forma de mulher
Onde mora o coração,o anelo, a alegria,
Donde abusas dos dotes como de supremo bem.
Sorris no empinar dos seios triunfantes
Tua alma toda no rebolar sutil.
Tu, que procuras um corpo para brados afloramentos
Ou acre despetalar,
Para o comparsa instante pelos azuis deliciar,
Para morrer de tato e viver de fato
No fato palpável,real, absurdamente real,
Gososamente real, concretissimo fato vivido
Da carne.
Nunca sonhos esparsos pelos cantos do verão
Todo teu ser mulher está na carne triunfadora
Se estendem espaço e tempo na borda de tua pele
Pela pele captas as amoras da vida que devem ser provadas
Depois de sutilmente provocadas com tua forma.
O sorriso da mão é teu refugio necessário
Cada um vive o que pode, desesperadamente o que pode
Ou foge, e morre da morte ambigua
Inimiga do ser.
Mas tu queres a tua afirmação no rio da carne
Queres a vida tesa e palpável e bem apalpada
Todas as esquinas de teu ser iluminadas
E as via sumidas de tua carícia deslindadas.
Queres a morte real, de formas exatas
E sentes orgulho do belo albergue sensual
De que és escrava soberana, serva e rainha.
Quando miras um pedestal queres logo trepar e voar
E é por isso que segues empinando os seios
Segues rebolando, mas teu gesto é mais convite que ostentar:
Empina, os olhos dos seios rasgando a blusa branca
E todo teu ser neles pula para fora,e chama e beija.
O verão habita no teu corpo,
Esparge-se pelo céu na terna pele lírica,
Infiltra-se dos músculos até os ossos.
Suspirem os ventos encoxando todas as tua curvinhas.
Ès enfim teu próprio corpo e nada mais
Que tudo é corpo ,e tudo é teu
E é por isso que ao crescer viraste carne tanta e tão bela
E as tuas redondezas põe tanto na gente este fogo de pardais
E essa enlouquecida ânsia ímpeto que fere e mata
E é por isso que caminhas com tanto deslumbre e triunfo
Pelas avenidas empinando os seios.