Carnes e Melancolias
Carnes e melancolias, plena peregrinação do fauno,
O orgasmo funde a atroz derrota ao ledo paraíso.
Passageiro deleite e pranto de dor,e eterno,
Em boca de em alvorada torpe de granizo
Gesto a abraçar nus seios de ledo falerno
Onde as parcas mais fatais da materialidade diviso.
Ruge a procela das folhas mortas no imo seio
Trazidas pelo gume azul da florescente primavera
Hormonio audaz a estalar labaredas em meio
Para a ampla paz do beijo tua chama eu dera
Os anjos também amam, esculpindo o enleio
Ao triunfo amplo do azul, as bagas da terra.
Cantor dêsmesurado pela flama que o aterra
Desmantelado pelo fogo preclaro do mel
Verso sobre verso a harmonia do uivante erra
Em eco claro flavo sob o denso dossel
O pranto carnal do paraíso espiritual desterra
O ígneo bardo, amante desde as virgens ao bordel.
Quem negará a razão valida desses mil amores?
Sob qual lei ou pretesto?Perversa é a castidade
Prisão obscura entre ledissima sucursal de flores
Beco de pranto a presidir ditosa imensidade.
O mortal louva, com lucida razão os esplendores
Do triunfo do vinho,inda que espírito, da vontade.
Suma delicia cujo deleite conduz ao inferno
O orgasmo em frenesi volteia e múltiplo golpeia
Os baluartes do pudor,em cujo desespero eterno
Antro de Prometeu na tetrica e nua cadeia
Dorme a grande vilã do melancólico palerma
Ebrio do licor de uma garota sepinterna.
Melancolia do fauno em báculo de diamante
Que anseias entrever na encoxada mais terna?
Pompa do mapa-mundi pompa do horizonte
Desejo vencedor dos tempos,hidra de lerna?
Eis que o orgasmo leva a orgia delirante
Risonho amplexo que alucina e inferna!
A mente estertorada em seu êxtase radiante
Golpeia a dor da culpa e seus abismos
O mole seio arfa e dança a dança alucinante
Do hino dos corcéis,prenhe de paroxismos;
A exaustão cavara um poço de horizonte
Nos nossos gozos amplos de apelos cismicos.
O lasso corpo a caveira do animo recostado
Entre os degetos das lembranças traiçoeiras
Duplo aflorar de futuro e lírio já passado
Sobre Itaca estendera o dossel de sua teia
Havemos amado, a vida segue adiante,
O orgasmo é o deus espectro aliciante.
Risonhas fêmeas em orquidiaria procissão
Flores humanas de trato audaz,suave,gentil,
Que vos decante o cântaro de vinho ao coração
Vosso sorrizo soluçante ,rubro e feminil,
Malu, que muito esperta se julgando na paixão
Enredava no gozo vario da orgia febril
Fizestes piada da pureza,que em ti descobria
O gosto do contato,que abala os anjos eloquentes
Sinthia morena de nadegas amplas,a bonina
Dava em ti violoncelos aos harpejos frementes
De meu falo esposto nu a tanta galhardia.
Quero cantar-vos em oboés de êxtases opalescentes
Manuela loira que te dizias pervertida e rósea
De muitos orgasmos de verões bem vividos
Que ofereceste o frescor de vossa boca transitoria
Pela primeira vez ao falo de capote desnudo.
Assoma o charme, bárbaro fauno de uva
Pelo baratro risonho de seres uma vaca
Oh Priscila, deusa de fala melada e leitosa
Cujos lábios pareciam debuchar uma orgia
Um boquete quente nos seios de formosa.
Marina,cujo deslumbre de sentada poesia
Fez voasse meu coração em fatal palvorosa
Dando mel de tesão na amarga melancolia
De meu curso de inglês...A quem cantarei?Ines?
Carlas,Marias,Renatas,Vivians,Alessandras,
Multiplas musas do mundo,albergue cortez,
Na procissão espiritual carnal precisas pedras
Que ao fauno aceso da paixão fazeis freguês
Onde, oh viração do astro barro, medras
Rompendo a ilha que esculpe poesias
De meu ateliê quarto aberta janela.
O magestoso ipê ao fundo em lutas bravias
Sobrepuja em força a grandiosidade da procela
A mãe implica, sal de mel e harmonias,
Que idade torna heroica e amor faz bela!
Com alados rompantes das asas do poema
Esculpo o diário de meus versejados dias
Novo Picasso clássico,traçando em pluma
Facil e fluente,o baquico hino,melancolias
De poente orgasmico naufragado em bruma
Desgraçoso gume das desmesuradas ardentias.
Que poema o amplexo da aventura erradia
Esgotaria,em pálidos ou roseos matizes
O meu lírico horror das fatais meretrizes
Meu êxtase ante o báculo imaculo das virgens
Meu hino a musa amada e até vadia
Que de bem vivida traz o voo da poesia?