Encontro

Meu pálido anjo noturno.

De mãos frias como geleira,

Sinto de sua veia, o doce sumo da videira,

Meu nobre ser... meu amor soturno.

Nesse peito oco, ausente de coração,

Me anseia o desejo de me inundar,

E de mim mesmo, me crivar,

Em um ritual, com egrégia oração.

Sua pele clara...pálida...

Esse rosto que com a Lua se trasmuta,

Me torna rendida nesta inútil lamuta,

Apegando me feliz, à esta derrota cálida.

E aqui...

Pelo surgir das estrelas, agonizo...

A escuridão, é tão clara contigo,

Deveras és, meu vital perigo.

Minha intensa brasa...vulcanizo.

Repúdio!

O Astro Solar, que de ti me afasta,

Com seu calor, que minha alma contraria.

Me falta o ar, me torna vazia.

Falsa tenra, luz nefasta!

És de ti, que brota minha segurança,

Meu Porto, para qual fujo quando temo,

Para meu êxtase , és o meu remo,

Minha lótus, minha noturna esperança.

Da eternidade da qual pertence,

Me resta somente esta vida.

Peço que em minha despedida,

Resgate minha alma, e à tua avence.